terça-feira, 24 de maio de 2011


Minha avó sempre foi muito religiosa, não estou falando dessas beatas fanáticas por igreja, mas aqui em casa sempre teve um lugarzinho para uns santinhos e na cabeceira da cama dela tem um terço lindo, bonito mesmo parece jóia de madame. Ela sabe muitas orações, reza toda santa noite antes de dormi, e isso não faz mal pra ninguém. Tem gente que critica, quer levar os santos dela embora, quebrá-los pra mostrar que eles não têm poder nenhum, minha avó se irrita de um jeito, rummm, ela é muito brava xinga fala alto e ninguém põe a mão neles, só ela. Se você me perguntar - e isso muda alguma coisa? Pra ela sim, então vale a pena.

Meu tio mais novo bebe e muito, não é sempre, na verdade é bem difícil acontecer, mas quando ele começa não sabe a hora de parar, perde os sentidos a noção.  É nessas horas que os santinhos da vovó entram em ação e o terço também, é claro. Ela reza, ora, pede com força mesmo... Espera um pouco e liga pra ele, fica nessa por horas. Sai pelo cantinho da casa que ninguém vê, com pouco tempo o traz nos braços como se fosse criança, mas não é.   É grande e pesado e ela ali tão frágil e o forte o coloca pra dormi, vai aos santinhos agradece acende um cigarro e fica esperando ele acordar pra dar uma bronca, puxar a orelha e sentá-lo no seu colo. Ele pede desculpas, promete que não faz mais e fica mesmo um bom tempo sem fazer.

Meu tio mais velho não é nada carinhoso, nunca o vi dando um abraço nela um feliz dia das mães um parabéns ou qualquer demonstração de carinho ele envelheceu e esqueceram de o avisar. A ligação deles é forte, ao seu modo se amam... Dia desses tomei um puta susto: Ele sentou-se à mesa e ela do lado olhou pra ela e foi fitado intimamente sorriu sem graça e ela falou – eu sei meu filho, eu sei. Como assim sabe? Sabe o que? Ele não falou nada nem ela pediu que falasse, mas ela sabe. Vai entender esses dois. Eu não entendo. Você entende?  Então por favor, conta pra mim que eu fiquei confusa.

Minha tia mais nova e dramática, pensa que o mundo gira ao seu redor, se faz de vitima, adora isso. Não entende o lado de ninguém, mas acho que ninguém tenta ver o dela. Ninguém exceto minha avó.  Ela sempre tenta amenizar as coisas, ponderar, respeitar as limitações que minha tia tem.  Quando não consegue reza um pouco, fala com o santinho dela, pede paciência e acaba tendo... Quando nem os santinhos dão jeito ela explode e elas brigam, feio mesmo, por isso eu gosto da fé que ela tem. Já pensou se ela explodisse toda vez? Deus me livre.

Minha tia mais velha mora em outro país e não há o que deixe minha avó mais fora de si do que ver no noticiário que o ETA esta bolando um ataque terrorista, que um avião caiu que a terra tremeu que os estrangeiros estão sendo mal tratados ou qualquer coisa que possa abalar seu rebento “tão longe e desprotegido”. Quando essas coisas acontecem à vovó chora um choro tímido daqueles que ninguém vê, se agarra no terço e fica do lado do telefone quase que de figa – liga filha, liga. E o telefone toca, a titia diz que esta tudo bem e a vovó se fazendo de durona sorri tirando um peso enorme das costas. Fala eu sei filha, eu sabia disso... Mãe é mãe né companheiro. Ela morta de preocupação tentando acalmar a filha.

Minha mãe é a filha do meio, pra ela sobra ser mais compreensiva e companheira. Nunca vi minha avó recorrer aos santos para se entender com minha mãe.  Existe uma linha muito tênue entre elas, às vezes tão imperceptível que as duas se confundem.

Que os anjos digam amém que minha avó e minha mãe nunca briguem que meus tios amadureçam e finalmente usem suas asas a favor da minha avó. Que os santos daqui de casa nunca cansem e que o terço sempre funcione.  


segunda-feira, 23 de maio de 2011


Ninguém me avisou... Ninguém perdeu dois minutos para falar vai-com-calma. E eu me joguei. Lancei-me de cabeça, ainda não quebrei a cara, mas sinto que o fim esta próximo. A adrenalina não me deixa puxar o freio de mão. Insana só sei que quero mais, mais e mais.  

quinta-feira, 19 de maio de 2011


Pensei em escrever um livro de leitura fácil, de poucas páginas, que tivesse ilustrações... Um livro sem público alvo, sem faixa etária.
Tenho o tema, o titulo, as imagens, a fonte e as cores. Tudo em mente. Só me falta a coragem. A coragem pra me expor, pra ouvir “não e mais não” e continuar de cabeça erguida. Coragem para começar e chegar até o fim.
Sei que não sou boa. Não o suficiente para escrever um livro. Mas tem muita gente que não canta bem e tem cd gravado. Tem até fã.
Não quero fãs. Não quero muito. Só quero que uma criança, um adolescente ou quem sabe até uma senhora se identifique comigo sem nem me conhecer, repita qualquer frase por mais boba que possa parecer e pense que essa mesma frase poderia ser sua.
Eu só queria poder dividir meus sentimentos mesmo que com o tempo esses sentimentos mudem...
O livro não seria sobre mim. Seria meio mágico, meio louco.
Não sei se conseguiria passar para o papel todos os meus desejos, todos os detalhes, sem torná-lo cansativo. Não sei!
Mas essa vontade anda rondando minhas noites de sono.
Quem sabe um dia! Quem sabe agora! Quem é que sabe?!


Larissa de Freitas

O que o tempo não muda!


 Acordei cedo, tomei um copo de café bem forte pra despertar, sentei em frente ao computador e comecei a “fuçar” as páginas sociais dos meus amigos.Sem mais nem menos entrei no Orkut de uma pessoa que há muito tempo não troco meia palavra. Uma legenda chamou-me a atenção: “Não volta mais.” Esperei até que a página carregasse e me deparei com nossa foto de uns três anos atrás.
Posso estar me tornando repetitiva, mas não vou deixar a saudade de lado, como se não existisse, pois ela está presente em mim e por hora me sufoca.
Dessa vez não chorei. Passei a foto rapidamente para não me apegar a lembranças que por ventura possam trazer mais sofrimentos. Preciso treinar o desapego, eu sei. Mas, não é fácil ver que as pessoas continuam suas vidas como se você nunca tivesse estado nela. Eu estive em suas vidas e vocês ainda estão aqui. Ainda estão em mim.
Mudamos da água pro vinho, definitivamente. Porém, não posso esquecer-me do que fomos apenas porque não somos mais.
Ainda gosto de algumas individualidades que só encontro em vocês. Mesmo depois de tanto tempo. Vou exemplificar e posso começar falando do sorriso da Carol... Não há coisa melhor para cicatrizar qualquer ferida. A autenticidade e garra que só os olhos da Isis conseguem passar. A alegria e individualismo do Everton. A determinação e a forma de camuflar uma dor que só o Freddy conseguia ter.  O foco do João Pedro... – Quanta admiração eu tenho por você! – Ninguém, absolutamente ninguém, se doa tanto ao outro como o Leandro. A Yasmine tem a manha de cativar as pessoas. Ela... Menina manhosa, dengosa, mas muito carinhosa. O abraço da Mariane me coloca em órbita, tira meus pés do chão, protege-me mesmo de longe. Eu gostei de um garoto. Ele virou meu amigo. Passou a ser meu cunhado, e se eternizou como meu irmão. Nunca vou saber qual meu valor na vida dele, mas não posso contar minha história sem falar do José Maria. Com ele aprendi que nossos sonhos sempre valem a pena, aprender um pouco mais não custa nada e temos de saber um pouco de tudo pra decidir o melhor pra nós.
Eu torço por vocês. Espero que sejam muito felizes.
No passado estamos seguros.
Boa sorte no aqui e no agora!



Larissa de Freitas


O que eu posso fazer se já estou no meu limite se já não aguento mais e tenho vontade de desaparecer. Engulo a seco coisas que jamais suportei, explodo no mínimo e tento suportar o máximo. Tento me superar, visualizar meus limites.
 Você olha um grupo de meninas fúteis e imagina que a vida delas é perfeita, que nada pode abalá-las. Doce ilusão. O que as une são os problemas, as adversidades e não as bênçãos. A enorme vontade de achar os defeitos alheios para não se sentirem exclusas nesse mundo perverso.
Bater a porta não resolve mais.
Bater o pé não resolve mais.
Gritar, espernear, chorar, cobrar... Não resolvem mais.
Paciência menina, paciência. O tempo coloca tudo no seu lugar.
Tenho mania de esperar o futuro, de pendurar meu presente no cabide e ficar ali sentada em uma cadeira de embalo pensando no passado e dizendo a mim mesma: “quando o futuro chegar eu vou viver”. Mentira. Minto pra mim o tempo todo. Faço joguinhos grotescos pra brincar de gato e rato com o que acredito e o que mais detesto... Tenho a tépida sensação de que quando chegar a certa idade lamentarei:  Estou para morrer e quase não vivi.
Preciso mudar.

Larissa de Freitas

terça-feira, 17 de maio de 2011


Aquela sensação boa me tomou por inteiro e eu não conseguir esconder o sorriso. Criei coragem com todo aquele reconhecimento; era estranho ver que todos lembravam meu nome e que o falavam com certa satisfação. Enchi meus pulmões daquele ar puro, dos votos felizes, dos desejos de sorte camuflei uma lágrima de saudade e parti.



Gosto de tomar banho frio, o suficiente pra arrepiar minha pele, me enxugar em toalhas macias e não novas (depois da terceira/quarta lavada é que a toalha consegue fazer carinho na pele) e passar uma grande quantidade de creme hidratante em mim. Para me sentir protegida, aquecida. Gosto de esfoliante a base de açúcar de mel ou qualquer coisa que me traga a remota sensação de que a vida vai ficar mais doce, mais fácil. Gosto de óleo de pimenta rosa o cheirinho envolvente me trás paz, me lembra coisa boa. Adoro sorvete em dias frios, e quanto mais o dia está frio mais eu gosto de sorvete. O cheiro que sai dos lençóis limpos me conforta me faz sentir o quanto a cama é/ou não macia. Sabe aquele cheirinho de terra molhada? Ele me abre o apetite, sou engraçada eu sei, podem rir à vontade.
Não gosto de bronzeamento artificial, pra ser bem sincera to fugindo de tudo que seja artificial esses dias. E isso vale para refrigerante e suco de latinha. As coisas de verdade andam meio raras ultimamente, mas com um bocado de esforços sei que acabo achando-as. A verdade cedo ou tarde se mostra. Não é?  
Vou guiar meus passos motivados no olho-no-olho e naquela coisa boa que da na gente depois disso. Quero meu coração acelerado e aquele choquizinho do encontro de duas mãos pelo resto da minha vida. Quero intensidade. Quero desfrutar do que gosto e renovar o que não gosto até poder gostar disso também. Quero sempre a chance de um recomeço. Quero, tenho e vou aprender a por pontos finais nas coisas, me libertar, segurar bem forte na mão da felicidade e me joga de cabeça... É isso que eu quero, só isso. 

Larissa de Freitas